quarta-feira, 9 de março de 2011

A Arma Infalível



Lendo uma historinha...

Certo dia um homem revoltado criou um poderoso e longo pensamento de ódio, colocou-o numa carta rude e malcriada e mandou-a para o chefe da oficina de que fora despedido.
O pensamento foi vasado em forma de ameaças cruéis. E quando o diretor do serviço leu as frases ingratas que o expressava, acolheu-o, desprevenidamente, no próprio coração, e tornou-se furioso sem saber por quê. Encontrou, quase de imediato, o subchefe da oficina e, a pretexto de enxergar uma pequena peça quebrada, defechou sobre ele a bomba mental que trazia consigo.
Foi a vez do subchefe tornar-se neuratêmico, sem dar o motivo. Abrigou a projeção maléfica no sentimento, permaneceu amuado várias horas e, no instante do almoço, ao invés de alimentar-se, descarregou na esposa o perigoso dardo intangível. Tão-só por ver um sapato imperfeitamente engraxado, proferiu dezenas de palavras feias; sentiu-se aliviado e a mulher passou a asilar no peito a odienda vibração, em forma de cólera enexplicável. Repentinamente transtornada pelo raio que a ferira e que até alí, ninguém soubera remover, encaminhou-se para a empregada que se incumbia do serviço de calçados e desabafou. Com palavras indesejáveis inoculou-lhe no coração o estilete invisível.
Agora, era uma pobre menina quem detinha o tóxico mental. Não podendo despejá-lo nos pratos e xícaras ao alcance de suas mãos, em vista do enorme débito em dinheiro que seria compelida a aceitar, acercou-se e velho cão, dorminhoco e paciente, e transferiu-lhe o veneno emponderável, num pontapé de largas proporções.
O animal ganiu e disparou, tocado pela energia mortífera, e, para livrar-se desta, mordeu a primeira pessoa que encontrou na via pública.
Era a senhora de um proprietário vizinho que, ferida na coxa, se enfureceu instantaneamente, possuída pela força maléfica. Em gritaria desesperada, foi conduzida a certa farmácia; entretanto, deu-se pressa em transferir ao enfermeiro que a socorria a vibração amaldiçoada. Crivou-o de xingamentos e esbofeteou-lhe o rosto.
O rapaz muito prestativo, de calmo que era, converteu-se em fera verdadeira. Revidou os golpes recebidos com observações ásperas e saiu, alucinado, para a residência, onde a velha e devotada mãezinha o esperava para a refeição da tarde. Chegou e descarregou sobre ela toda a ira de que era portador.
- Estou farto ! - bradou - a senhora é culpada dos aborrecimentos que me perseguem ! Não suporto mais esta vida infeliz ! Fuja de minha frente ! ...
Pronunciou nomes terríveis. Blasfemou. Gritou, colérico, qual louco.
A velhinha, porém, longe de agastar-se, tomou-lhe a mão e disse-lhe com naturalidade e brandura :
- Venha cá, meu filho ! Você está cansado e doente ! Sei a extensão de seus sacrifícios por mim e reconheço que tem razão para lamentar-se. No estanto, tenhamos bom ânimo ! Lembremos-nos de Jesus ! ... Tudo passa na Terra. Não nos equeçamos do amor que o Mestre nos legou ...
Abraçou-o, comovida, e afagou-lhe os cabelos !
O filho demorou-se a comtemplar-se os olhos serenos e reconheceu que havia no carinho materno tanto perdão e tanto entendimento que começou a chorar, pedindo-lhe desculpas.
Houve então entre os dois uma explosão de íntimas alegrias. Jantaram felizes e oraram em sinal de reconhecimento a Deus.
A projeção destrutiva do ódio morrera, afinal, ali, dentro do lar humilde, diante da força inflível e sublime do amor.
Extraído do livro Alvorada Cristã - Neio Lúcio - Chico Xavier.

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