terça-feira, 1 de março de 2011

O elogio da abelha.

 
Lendo uma historinha ...

Grande mosca verde-azul, mostrando envaidecida as asas douradas pelo sol, penetrou uma sala e encontrou uma abelha humilde a carregar pequena provisão de recursos para elaborar o mel.
A mosca arrogante aproximou-se e falou, vaidosa :
- Onde você surge, todos fogem. Não se sente indesejável ? O seu aguilhão é terrível.
- Sim - disse a abelha com desapontamento -. creia que sofro muitíssimo quando sou obrigada a interferir. Minha defesa é, quase sempre, também minha morte.
- Mas não pode viver com mais distinção e delicadeza ?
- tornou a mosca, - Por que ferrotear, a torto e a direito ?
Não, minha amiga, não é bem assim. Não sinto prazer em perturbar. Vivo tão-somente para o trabalho que Deus me confiou, que representa benefício geral.
E, quando alguém me impede a execução do dever, inquieto-me e sofro, perdendo, por vezes, a própria vida.
A mosca replicou :
Creio, porém, que se você tivesse modos diferentes ... se polisse as asas para que brilhassem à claridade solar ...
... se você se vestisse em cores iguais às minhas, talvez não precisasse alarmar ninguém. Pessoa alguma lhe recearia a intromissão.
Ah ! Não posso despender muito tempo em tal assunto ... O serviço não me permite a apresentação exterior muito primorosa, em todas as ocasiões. 
A produção do mel indispensável ao sustento de nossa colmeia, e necessária a muita gente não me deixa tempo para cuidados comigo mesma.
-Repare ! Suas patas estão em lastimável estado ...
- Encontro-me em serviço. 
A mosca protestou em energia :
- Não, não ! Isso é relaxamento.
E limpando caprichosamente as asas, a mosca recuou e aquietou-se, qual se estivesse em observação.
Nesse instante, duas senhoras e uma criança penetraram o recito e, notando a presença da abelha que buscava sair ao encontro de companheiras distantes, uma das matronas gritou nervosa :
- Cuidado ! Cuidado com a abelha ! Fere sem piedade ...
A pequena trabalhadora alada dirigiu-se ao campo. 
A mosca passou a exibir-se, voando despreocupada.
A mosca preguiçosa planou ... planou ... e encaminhou-se para a copa.
- Parece uma jóia !
- Que maravilha !
... no guarda-comida, deitou varejeira na massa dos pasteis ...
... infectou pratos diverso ...
... pousou na cabeça da criança, infeccionando certa região que se achava ligeiramente ferida.
Decorridas algumas horas, sobravam preocupações para toda a família. A encantadora mosca verde-azul deixara imundices e enfermidades por onde passara.
Quantas vezes sucede isso mesmo, em plena vida ?
Há criaturas simples, operosas e leais de trato menos agradável, à primeira vista, que, à maneira da abelha, sofrem sacarmos e desapontamentos por bem cumprir as obrigações que lhes cabem, em favor de todos; e há muita gente de apresentação brilhante, quanto a mosca, e que, depois de seduzir-nos a atenção pela beleza da forma, nos deixa apenas as larvas da calúnia, da intriga, da maldade, da revolta e do desespero no pensamento.
Extraído do livro A vida fala I - Neio Lúcio - psicografado por Chico Xavier.

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