sexta-feira, 25 de março de 2011

Resposta de Deus


Lendo uma historinha ...

Jandira, uma menina de oito anos de idade, desde muito pequena se acostumara a passar por toda sorte de privações.
Não conhecera o pai, e a mãe a abandonara quando tinha pouco mais de quatro anos. Uma vizinha, apiedando-se dela, levou-a para casa.
Mas a vizinha tinha muitos filhos e logo Jandira percebeu que não poderia morar ali, que não era bem-vinda.
Com cinco anos saiu da casa que a acolhera, cansada de apanhar, e foi para a rua, acompanhando umas crianças que conheceu e que também não tinham família. Assim, Jandira foi morar com os novos amigos num casebre abandonado.
Aprendeu a pedir esmolas para poder sobreviver. Comia do que lhe davam. Apesar de todas as dificuldades da sua curta vida, Jandira jamais foi uma criança revoltada. Tinha o coração amoroso e bom, e todos a estimavam. Acreditava em Deus e tinha certeza de que Ele não a deixaria desamparada, conforme ouviu alguém ensinar certa vez.
Certo dia, enquanto pedia esmola na cidade, Jandira viu aproximar-se um homem de aspecto distinto, muito bem-vestido.
– Por caridade, uma esmola! – pediu.
Ouvindo a voz da criança, Manoel olhou e viu uma menina de rostinho sujo, roupas rasgadas, que o fitava com grandes olhos vivos e confiantes. Como estivesse com pressa, deu uma moeda sem se deter.
No dia seguinte, encontrou a garota no mesmo lugar. Ela sorriu e estendeu a mãozinha pedindo uma esmola. Novamente Manoel deu uma moeda, contra seus hábitos, e ouviu o agradecimento da menina.
– Que Deus o abençoe e que nunca lhe falte nada.
Impressionado, seguiu adiante com passos rápidos, mas não conseguiu esquecer o rostinho da garota durante todo o dia.
Na manhã seguinte, lá estava ela no mesmo lugar. A menina aproximou-se dele com uma florzinha na mão, sorridente.
– É sua. Trouxe para o senhor.
Surpreso, Manoel sentiu necessidade de parar para conversar.
– Como se chama? – perguntou.
– Jandira.
– Quantos anos tem, Jandira?   

– Acho que tenho oito ou nove anos, senhor. Não sei ao certo.
– Não vai à escola? – indagou ele.
– Não. Nunca pude estudar, apesar de ter muita vontade de aprender a ler e a escrever.
– Onde você mora, Jandira? – perguntou, impressionado.
– Num barraco, com outras crianças.
– Por quê? Não tem família?
– Minha mãe foi embora quando eu era muito pequena. Tenho apenas pai.
– Como se chama seu pai? – quis saber ele.
A menina respondeu com seriedade.
– Deus.
– Deus? Esse é o nome do seu pai? – ele perguntou, pensando não ter entendido direito.
– Sim. Deus não é o Pai de todo mundo? – respondeu ela com simplicidade.
– Ah! É verdade.
– Então, Ele não deixa que me falte nada. Tenho tudo do que preciso. Um teto para me abrigar da chuva e do frio, tomo banho num chafariz e, quando sinto fome, peço uma esmola e ganho dinheiro para comprar o que comer. Às vezes ganho comida e nem preciso pedir esmolas, e ainda posso repartir com os outros o que recebo.
Sensibilizado, Manoel perguntou:
– O que mais você gostaria de ter, Jandira?
– Nada. Eu não preciso de nada.
– Diga. Gostaria de poder ajudar – insistiu Manoel.
A menina pensou um pouco e, com os olhos rasos d’água, respondeu baixinho:
– Gostaria de ter uma família de verdade.
Manoel sentiu um aperto no coração e as lágrimas afloraram em seus olhos. Sentia-se culpado. Era rico, tinha tudo. Uma casa grande, emprego bom e não tinha filhos. Morava apenas com a esposa e nunca pensara em ajudar ninguém. E aquela criança pedia tão pouco da vida!
Tomou uma resolução. Sua esposa sempre quisera filhos e iria gostar.
Fitou a menina à sua frente, e disse:
– Agora tudo vai ser diferente, Jandira. Deus, apesar de dar-lhe tudo, como você afirmou, encarregou-me de ser seu pai aqui na Terra. Aceita? Além de um pai, terá também uma mãe.
Sem poder acreditar em tamanha felicidade, Jandira pulou nos braços de Manoel, cheia de alegria.
– Deus o mandou? Aceito! Eu sabia que ele não deixaria de atender às minhas preces. Antes de dormir – explicou – sempre pedia ao Pai do Céu que me dê um pai de verdade aqui na Terra.
Nesse momento, Jandira lembrou-se dos companheiros:
– Ah!...E meus amigos? Não posso abandoná-los!
– Não irá abandoná-los, Jandira. Como minha filha, terá condições de ajudá-los. Tenho dinheiro. Arrumaremos uma casa de verdade, alguém que tome conta deles e terão tempo de estudar para serem mais tarde criaturas dignas e úteis à sociedade.
A menina batia palmas de alegria.
– Que bom! Que bom!
Em seguida, olhou Manoel com muito carinho e, segurando a mão dele, perguntou:
– Posso chamá-lo de papai?                                                                  
            
                                                                                                        
                        TIA CÉLIA

Fonte: O Consolador - Revista Semanal de Divulgação Espírita
Autora: Célia Xavier Camargo
Agradecimento à Carolina Von Scharten

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