sexta-feira, 20 de abril de 2012

Aprendendo a ser mãe






Vitória era uma menina boa, inteligente e criativa. Todavia era arteira e não aceitava quando a impediam de fazer alguma coisa.  

A mãe, preocupada com sua segurança e bem-estar, alertava: 
— Vitória, não mexa com fósforos. Você pode se queimar.  
E a garota, respondia: 
— Não vou me queimar, mamãe. Tenho seis anos e já sou grande! 

A mãe achava graça, abraçava a filha com amor, e guardava a caixa de fósforos no alto do armário, onde a pequena não poderia alcançar. 
E assim acontecia sempre. Quando Vitória brincava de casinha com as amigas, a mãe tinha que estar sempre atenta para que não se machucassem. Ora era uma faca, que a menina pegava para fazer comidinha, ora era o ferro elétrico que ela ligava para passar roupa; de outras vezes, subia numa grande mangueira que havia no quintal para apanhar mangas e assim por diante. A mãe não podia “descansar” um minuto.      
E Vitória reclamava, batendo o pé, indignada: 
— Mamãe! Sei o que estou fazendo. Já sou grande!  
A mãe a colocava no colo e explicava, com carinho: 
— Minha filha, você ainda tem muito que aprender. Quando você nasceu em nosso lar, Deus me fez responsável por sua vida. Minha tarefa é cuidar, educar e proteger você, de modo que nada de mal lhe aconteça. Como as mães de suas amiguinhas permitiram que elas viessem brincar aqui em casa, tenho que cuidar delas também. Entendeu?   
— Entendi, mamãe.  
— Ótimo. Mamãe não faz por mal e nem quer ser desmancha prazeres. Quando você crescer e tiver filhos vai entender melhor. Agora, vá brincar! 
No entanto, tudo continuava como antes.  

Certo dia, Vitória foi com sua mãe fazer compras. Na volta, um cãozinho de rua as seguiu. Tinha o pelo curto, branco com manchas marrons. Parecia abandonado.    
Vitória ficou encantada. Adorava cachorros. E aquele era tão pequeno e desprotegido!  
— Mamãe, podemos levá-lo para casa? 
— Não, Vitória. Ele tem dono.  
— Foi abandonado, mamãe. Tenho certeza. Vamos levá-lo.
   
A mãe recusava e a menina insistia. Conversavam paradas em frente a uma padaria. O dono, um simpático português, entrou no meio da conversa: 
— Queira desculpar-me, senhora, mas realmente esse cãozinho não tem dono. Vem sempre aqui porque costumo lhe dar um prato de leite.   
Vitória, com os olhos brilhando e um sorriso radiante, de mãos postas, suplicou: 
— Viu, mamãe, não lhe disse? Por favor! Vamos levá-lo para nossa casa. Ele terá um lar!  
Diante de tanta insistência, a mãe acabou concordando. 
— Está bem, Vitória. Com uma condição. Que você se responsabilize por cuidar dele: dar ração, água, banho e tudo o mais.  
A garota concordou, feliz. Pegando o filhote no colo, acariciou-o e disse: 
— Vamos, Bilu. Serei sua mãe e cuidarei de você. 
Desse dia em diante, Vitória só pensava no animalzinho. Cuidava dele com muito amor. Quando ela ia para a escola, ele queria acompanhá-la; quando ela voltava, ele a esperava no portão, e a primeira coisa que a menina fazia era abraçá-lo. Mas ela reconhecia que Bilu dava trabalho e estava sempre cuidando dele, vigiando:  
— Bilu, não suba no muro! Não coma porcaria do chão! Não vá para a rua, um carro pode pegar você! — E assim por diante.  
Quando acabava o dia, ela estava cansada, mas feliz, por tê-lo a seu lado. 
Na véspera do Dia das Mães, mãe e filha estavam sentadas no quintal observando Bilu que corria, latindo feliz, atrás de uma borboleta. Vitória olhou para a mãe e disse: 
— Mamãe! A senhora me disse que eu só entenderia o trabalho que dou quando crescesse e tivesse um filho. Não precisei crescer para isso. Bilu já me dá muito trabalho e preocupação. É como se ele fosse meu filho!  
A mãe sorriu achando graça do jeito sério da filha. Vitória sorriu também e trocaram um grande e carinhoso abraço, enquanto a menina exclamava: 
— FELIZ DIA DAS MÃES, mamãe! Ainda não comprei seu presente.  
A mãe suspirou, satisfeita, entendendo que Deus sabe o que faz e que dá a cada um, na vida, as experiências que precisa para aprender e amadurecer. Sua filhinha estava crescendo e tornando-se melhor. 
— Não precisa comprar nada, minha filha. Você já me deu o melhor presente que eu poderia desejar: Você!  



                                                       Tia Célia   


 Fonte: O Consolador

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