sábado, 19 de maio de 2012



A vaquinha Malhada

Numa linda fazenda, os animais viviam felizes, convivendo em harmonia.
As galinhas, os patos e os perus ciscavam no terreiro, enquanto as ovelhas, os carneiros, os bois, as vacas, os cavalos e as éguas, aproveitavam o sol para pastar num belo campo, onde encontravam comida à vontade e água num regato cristalino.
Certo dia, uma das ovelhas ouviu o capataz dizer a um dos empregados:
— Logo o bezerrinho da vaca Malhada será vendido. Já veio um comprador que vai pagar alto preço por ele.
A ovelha não perdeu tempo e foi contar para a sua amiga Malhada:
 
— Malhada, sabe seu bezerrinho, o Belo?
— Sim. O que tem ele? — indagou a Malhada, ruminando.
— Vai ser vendido! Ouvi uma conversa entre o capataz e um empregado.
A Malhada quase se afogou com o que estava comendo:
— Não pode ser! O patrão é bom e não iria me separar do meu Belo!
Malhada ficou muito triste com a notícia. Aproximou-se da sua cria e não saiu mais de perto dela. Quando o empregado que cuidava dos animais chegou à cocheira, viu Malhada junto de Belo.
Ele quis retirar o bezerrinho de perto da mãe, mas Malhada
ergueu-se e o ameaçava mugindo, com cara de poucos amigos.
O empregado foi avisar o patrão que Malhada estava muito estranha. O dono da fazenda indagou se tinha acontecido alguma coisa e ele respondeu:
— Não, patrão. Essa reação da Malhada começou hoje, não sei por quê!
Intrigado, o patrão resolveu ir até as cocheiras para verificar por si mesmo. Susie, sua filha pequena, que gostava muito dos animais, resolveu acompanhar o pai. Lá chegando, foram até onde Malhada estava com sua cria.
O patrão aproximou-se e tentou encostar a mão em Belo, mas Malhada pôs-se a mugir, abaixando a cabeça como se fosse atacá-lo. Intrigado, ele afastou-se com cuidado.
Nem a pequena Susie, de quem Malhada gostava e que lhe fazia sempre um carinho especial, pôde se aproximar. A menina afastou-se, assustada.
— Papai! O que será que está acontecendo com nossa Malhada? Ela nunca foi assim!
— É verdade, minha filha. Não se aproxime mais dela! Não sabemos o que pode fazer!
A garota sentou-se num banco e ficou observando a vaquinha. Notou que ela não saía de perto do bezerrinho, preocupada com ele e comentou com o pai:
— Papai, aconteceu algo com Belo? Malhada está defendendo seu bezerro!
O pai pensou um pouco e respondeu:
— Não, filhinha. Não aconteceu nada.
Ele parou de falar e ficou pensando, depois comentou:
— A única coisa é que recebi uma excelente oferta por Belo, e penso em vendê-lo. Mas certamente não será por isso que a Malhada está brava!...
Susie fitou a vaca enquanto o pai estava falando e viu a reação dela, que se aproximou mais do bezerrinho como se tivesse entendido a conversa e quisesse protegê-lo.
— Papai, acho que o senhor se engana. De alguma forma, Malhada ficou sabendo que querem separá-la do Belo. Quer ver?
E chegando perto da vaca, a menina disse:
— Malhada, fique calma. Ninguém vai separar você do Belo, entendeu? Fique tranquila. Não permitirei que meu pai faça isso.
Assim falando, a menina se aproximou de Malhada e passou a mão em sua cabeça com carinho. A vaquinha virou os olhos para Susie e ela percebeu que Malhada estava mais calma.
— Não lhe disse, papai? Agora venha, aproxime-se dela e confirme o que eu disse.
O pai, perplexo, sem poder acreditar no que estava acontecendo, conversou com Malhada explicando-lhe que não venderia Belo, que não a separaria do seu bezerrinho. A vaca agora estava serena, como se tudo estivesse resolvido. Em seguida, Malhada ergueu-se e, afastando-se da cria, foi até o cocho, pondo-se a comer. Certamente estava com fome, pois não se afastara do seu bezerrinho nesse tempo todo.
— Está vendo, papai? Os animais entendem tudo o que a gente sente e fala. Por isso devemos respeitá-los. Eles são seres de Deus em evolução, como nós, e são nossos irmãos! — explicou Susie sorrindo, satisfeita com o resultado.
— Onde aprendeu isso, filha?!... — indagou o pai, perplexo.
— Na Escola de Evangelização no Centro Espírita, aonde vou com mamãe.
—Ah! Creio que vou ter que repensar a maneira de lidar com meus animais. Prometo estudar o assunto, minha filha.
A menina olhou para o pai e completou:
— Papai, não apenas com os animais. Com as plantas também!
— Quer dizer que as plantas também têm sensibilidade?!... — surpreso, perguntou o pai, abraçando sua pequena:
— Claro, papai!
— Está bem, filhinha! Reconheço que você é muito sabida para sua idade. Você e sua mãe ainda vão fazer-me frequentar essa Casa Espírita e estudar de novo. Pode apostar!
No fundo, ele estava contente. Ver sua pequena Susie tão inteligente e tão esperta o levara a refletir em assuntos pelos quais nunca se interessara até aquele momento.  
                                                                  MEIMEI
 
(Recebida por Célia X. de Camargo, em Rolândia-PR, em 9 de abril de 2012.)

domingo, 6 de maio de 2012



Diz uma lenda que o dia em que o bom Deus criou as mães, um mensageiro se acercou Dele e Lhe perguntou o porquê de tanto zelo com aquela criação.
Em quê, afinal de contas, ela era tão especial?
O bondoso e paciente Pai de todos nós lhe explicou que aquela mulher teria o papel de mãe, pelo que merecia especial cuidado.
Ela deveria ter um beijo que tivesse o dom de curar qualquer coisa, desde leves machucados até namoro terminado.
Deveria ser dotada de mãos hábeis e ligeiras que agissem depressa preparando o lanche do filho, enquanto mexesse nas panelas para que o almoço não queimasse.
Que tivesse noções básicas de enfermagem e fosse catedrática em medicina da alma. Que aplicasse curativos nos ferimentos do corpo e colocasse bálsamo nas chagas da alma ferida e magoada.
Mãos que soubessem acarinhar, mas que fossem firmes para transmitir segurança ao filho de passos vacilantes. Mãos que soubessem transformar um pedaço de tecido, quase insignificante, numa roupa especial para a festinha da escola.
Por ser mãe deveria ser dotada de muitos pares de olhos. Um par para ver através de portas fechadas, para aqueles momentos em que se perguntasse o que é que as crianças estão tramando no quarto fechado.
Outro par para ver o que não deveria, mas precisa saber e, naturalmente, olhos normais para fitar com doçura uma criança em apuros e lhe dizer: Eu te compreendo. Não tenhas medo. Eu te amo, mesmo sem dizer nenhuma palavra.
O modelo de mãe deveria ser dotado ainda da capacidade de convencer uma criança de nove anos a tomar banho, uma de cinco a escovar os dentes e dormir, quando está na hora.
Um modelo delicado, com certeza, mas resistente, capaz de resistir ao vendaval da adversidade e proteger os filhos.
De superar a própria enfermidade em benefício dos seus amados e de alimentar uma família com o pão do amor.
Uma mulher com capacidade de pensar e fazer acordos com as mais diversas faixas de idade.
Uma mulher com capacidade de derramar lágrimas de saudade e de dor mas, ainda assim, insistir para que o filho parta em busca do que lhe constitua a felicidade ou signifique seu progresso maior.
Uma mulher com lágrimas especiais para os dias da alegria e os da tristeza, para as horas de desapontamento e de solidão.
Uma mulher de lábios ternos, que soubesse cantar canções de ninar para os bebês e tivesse sempre as palavras certas para o filho arrependido pelas tolices feitas.
Lábios que soubessem falar de Deus, do Universo e do amor. Que cantassem poemas de exaltação à beleza da paisagem e aos encantos da vida.
Uma mulher. Uma mãe.
*   *   *
Ser mãe é missão de graves responsabilidades e de subida honra. É gozar do privilégio de receber nos braços Espíritos do Senhor e conduzi-los ao bem.
Enquanto haja mães na Terra, Deus estará abençoando o homem com a oportunidade de alcançar a meta da perfeição que lhe cabe, porque a mãe é a mão que conduz, o anjo que vela, a mulher que ora, na esperança de que os seus filhos alcancem felicidade e paz.

Redação do Momento Espírita.
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