domingo, 24 de maio de 2015

PRECE


A prece é a expressão mais alta da comunhão das Almas com Deus. Considerada sob este aspecto, ela perde toda a analogia com as fórmulas banais, os recitativos monótonos em uso, para se tornar um transporte do coração, um ato da vontade, pelo qual o Espírito se desliga das servidões da Matéria, das vulgaridades terrestres, para perscrutar as leis, os mistérios do poder infinito e a ele submeter-se em todas as coisas:

 “Pedi e recebereis!” 
Tomada neste sentido, à prece é o ato mais importante da vida; é a aspiração ardente do ser humano que sente sua pequenez e sua miséria e procura pelo menos um instante, pôr as vibrações do seu pensamento em harmonia com a sinfonia eterna. É a obra da meditação que, no recolhimento e no silêncio, eleva a Alma até essas alturas celestes onde aumenta as suas forças, onde a impregna das irradiações da luz e do amor divinos.

 Mas quão poucos sabem orar! 
As religiões nos fizeram desaprender a prece, transformando-a em exercício ocioso, ás vezes ridículo.

 Sob a influência do Novo Espiritualismo, a prece tornar-se-á mais nobre e mais digna; será feita em mais respeito ao Poder Supremo, em mais fé, confiança e sinceridade, em completo destaque das coisas materiais. 
Todas as nossas ansiedades e incertezas cessarão quando tivermos compreendido que a vida é a comunhão universal e que Deus e todos os seus filhos vivem, em conjunto, essa vida.

Então, a prece tornar-se-á a linguagem de todos, a irradiação da Alma. Seus benefícios se estenderão por todos os seres e particularmente por aqueles que sofrem, pelos ignorados da Terra e do Espaço.

Ela chegará àqueles em quem ninguém pensa, e que jazem na sombra, na tristeza e no esquecimento, diante de um passado acusador. 

Ela originará neles inspirações novas; fortificar-lhes-á o coração e o pensamento – porque a ação da prece não tem limites, e assim as forças e os poderes que ela pode pôr em elaboração para o bem dos outros.

A prece, em verdade, nada pode mudar às leis imutáveis; ela não poderia, de maneira alguma, mudar os nossos destinos; seu papel é proporcionar-nos socorros e luzes que nos tornem mais fácil o cumprimento da nossa tarefa terrestre. 

A prece fervente abre, de par em par, as portas da Alma e, por essas aberturas, os raios de força, as irradiações do foco eterno nos penetram e nos vivificam.

Trabalhar com sentimento elevado, visando a um fim útil e generoso, é ainda. Orar. 

O trabalho é a prece ativa desses milhões de homens que lutam e penam na Terra, em benefício da Humanidade.

A vida do homem de bem é uma prece contínua, uma comunhão perpétua com seus semelhantes e com Deus. Ele não tem mais necessidade de palavras, nem de formas exteriores para exprimir sua fé: ela se exprime por todos os seus atos e por todos os seus pensamentos. Ele respira e se agita sem esforço em uma atmosfera fluídica cheia de ternura pelos desgraçados, cheia de boa-vontade por toda a Humanidade. 

Essa comunhão constante se torna uma necessidade, uma segunda natureza. É graças a ela que todos os Espíritos de eleição se mantêm nas alturas sublimes da inspiração e do gênio.

Os que vivem no organismo e na materialidade, e cuja compreensão não está aberta às influências do Alto, esses não podem saber que impressões inefáveis faculta essa comunhão da Alma com o Espírito Divino.

Todos aqueles que, vendo a espécie humana deslizar sobre os declives da decadência moral, procuram os meios de sustar sua queda, devem esforçar-se por tornar uma realidade essa união estreita de nossas vontades com a vontade suprema! 

.Não há ascensão possível, encaminhamento para o Bem, se, de tempos a tempos, o homem não se volta para o seu Criador e Pai, a fim de lhe expor suas fraquezas, suas incertezas, sua miséria, para lhe pedir os socorros espirituais indispensáveis à sua elevação. 

E quanto mais essa confissão, essa comunhão íntima com Deus for  frequente, sincera, profunda, mais a Alma se purifica e emenda. Sob o olhar de Deus, ela examina, expande suas intenções, seus sentimentos, seus desejos; passa em revista todos os seus atos e, com essa intuição, que lhe vem do Alto, julga o que é bom ou mau, o que deve destruir ou cultivar. 

Ela compreende então que tudo quanto de mal vem do "eu" e deve ser abatido para dar lugar à abnegação, ao altruísmo; que, no sacrifício de si mesmo, o ser encontra o mais poderoso meio de elevação, porque, quanto mais ele se dá, mais se engrandece. 

Deste sacrifício faz a lei de sua vida, lei que imprime no mais profundo do seu ser, em traços de luz, a fim de que todas as ações sejam marcadas com o seu cunho. 
Leon Denis – o Grande Enigma pg 24/25/26

sábado, 23 de maio de 2015

Filhos Adotivos

O casal aguarda ansiosamente um filho. Todavia, embora os médicos garantam que não há nenhum problema físico, o desejo não se concretiza. Sucedem-se alguns meses...Finalmente, admitindo que o filho não virá, marido e mulher resolvem
 adotar uma criança. Consumada a adotar uma criança. Consumada a adoção, semanas mais tarde a esposa constata,feliz e surpresa, que está grávida. Em breve o lar é enriquecido com mais um filho.

Afirmam os médicos que este fenômeno é freqüente a incapacidade do casal em gerar filhos é motivada pela tensão desenvolvida em vista do desejo extremado de alcançar a paternidade, o que inibe o mecanismo biológico da reprodução. Ao adotar a criança, os cônjuges relaxam a tensão, sucedendo-se, normalmente, a concepção.

Sob o ponto de vista espírita, não há aqui a mera influência de fatores determinados casais assumem perante a Espiritualidade o compromisso de cuidar de um filho adotivo, além dos nascidos de sua união. Se estes surgem primeiro, haverá a tendência para o casal sentir-se realizado nos seus ideais de paternidade, deixando de cumprir o planejamento feito. Então, mentores espirituais retardam por algum tempo os processos reencarnatórios marcados para aquele lar, até que se dê a adoção.

Há Espíritos que reencarnam para serem filhos adotivos. Esta situação faz parte de suas provações, geralmente porque no passado comportaram-se de forma indigna em relação aos deveres familiares. Voltam ao convívio dos companheiros do pretérito sem laços de consangüinidade, o que para os Espíritos de mediana evolução representa sempre uma provação difícil, destinada a ensiná-los a valorizar a vida familiar.

Harmoniza-se, assim, a situação de um grupo reunido no lar para serviços de resgate e reajuste, competindo aos pais o máximo de cuidado em favor daquele familiar que ressurge na condição de filho adotivo. Este, mais do que os outros, é alguém necessitado de muita compreensão e carinho, a fim de que, superando o trauma que fatalmente experimentará ao ter conhecimento de sua condição, aproveite integralmente os benefícios da experiência, sem marcas negativas em sua personalidade.

A incapacidade de gerar filhos pode ter outras motivações. O casal, por exemplo, que em existências anteriores furtou-se às emoções de reter junto ao coração um rebento de sua carne, por não desejar problemas, orientando suas ações em termos de egoísmo a dois, preocupado apenas com prazeres e sensações, segurança e conforto, poderá experimentar a angústia da esterilidade.

Em tais circunstâncias, os valores da abnegação e do amor podem ensejar perspectivas mais felizes. Seria o caso do casal sem filhos que se dedicasse de coração aos órfãos, quer trazendo-os carinhosamente ao convívio do próprio lar, que participando de instituições destinadas a dar-lhes amparo e assistência. Por terem abraçado filhos de lares alheios, ambos acabariam compensados com a alegria de abraçar seus próprios filhos.

Não pretendemos sugerir que todo casal sem filhos os terá, desde que parta para a adoção, seja porque deve receber primeiro o adotivo, seja porque o adotivo lhe dará méritos necessários.

Cada caso tem suas particularidades e ninguém pode avaliar a extensão dos compromissos assumidos por aqueles que experimentam a frustração de seus anseios de paternidade.

O que se pode afirmar é que o filho adotivo constitui sempre um treino dos mais nobres no campo da fraternidade, Nada mais meritório aos olhos de Deus, e talvez raros serviços na Terra sejam tão compensadores em termos de Vida Eterna.
Quando os homens compreenderem isso, não teremos mais orfanatos, porque toda criança sem pais encontrará corações generosos dispostos a dar-lhe carinho e amparo no próprio lar, semeando Amor para um mudo melhor.

Richard Simonetti
Brasil Espírita, Fevereiro de 1972
Extraído http://www.espirito.org.br/portal/artigos/simonetti/filhos-adotivos.html



quarta-feira, 20 de maio de 2015

A força do Espiritismo - Rita Folker



Quando Allan Kardec formulou as bases da Doutrina Espírita, ele recebia comunicações mediúnicas de cerca de mil centros espíritas espalhados por diversos lugares do mundo. Além de dialogar, ele mesmo, com os Espíritos, ele estudou o assunto por sua própria conta, comparou todas essas comunicações, pesquisou fenômenos e, só depois, veio a publicar "O Livro dos Espíritos", a primeira das Obras Básicas do Espiritismo.
Um homem sozinho pode ser enganado. Pode enganar a si mesmo e a um pequeno número de pessoas.
Se a Doutrina Espírita tivesse sido concebida por um só homem, seria preciso acreditar neste homem para acreditar na Doutrina, e ela estaria limitada por seu nível de esclarecimento e cheia dos seus preconceitos. Seria uma Doutrina com falhas.
Se os Espíritos tivessem transmitido a Doutrina Espírita a um só homem, ele poderia ser enganado, por mais sinceros que fossem os seus propósitos, pois a razão de uma só pessoa pode errar em seus julgamentos.
Mas o Espiritismo começou a ser revelado através de fatos que movimentaram diversos pontos do mundo ao mesmo tempo, na segunda metade do século passado. Os ensinamentos dos Espíritos foram disseminados através de comunicações mediúnicas dadas em lugares muito distante entre si e, apesar disto, e apesar das diferenças de linguagem, os princípios coincidiam precisamente. Não seria possível que a mesma idéia fosse lançada em grupos tão diferentes e que não tinham contato entre si, se elas não tivessem a mesma origem, se não tivessem uma finalidade maior.
Segundo Allan Kardec, esta universalidade no ensinamento dos Espíritos é que torna o Espiritismo forte, indestrutível, garantindo, ao mesmo tempo, a autoridade do que ele nos ensina.
O Espiritismo é um trabalho conjunto de homens e Espíritos.
E pode-se, afinal, fazer desaparecer um homem, mas não se pode calar milhões de pessoas. Os fenômenos mediúnicos acontecem por toda parte, e mesmo que todos os livros espíritas fossem queimados, e os centros espíritas, fechados, o Espiritismo poderia começar novamente, pois a sua origem não está sobre a Terra. Onde houvesse um Espírito e um médium - e os há em todo lugar - poderia a Doutrina Espírita começar a ser revelada novamente.
Sempre haverá gente que veja com seus próprios olhos e que tire suas próprias conclusões, partindo da lógica irrefutável dos princípios do Espiritismo.

Livro: Um pouco por dia

Rita Foelker
 Espiritismo, Amor e Luz, Bússola da Alma

Quando há dificuldades com as crianças e jovens na evangelização

A tarefa é muito desafiadora não é mesmo? Mas não vamos esquecer que o condutor espiritual dessa tarefa é o próprio Cristo, gostaria de dá alguns sugestões com relação as dificuldades com disciplina: 
1.      Conhecer a turma, sua realidade, tentar saber como é a família, como vivem essas crianças e jovens com mais dificuldades de se relacionar socialmente.
2.      Estabelecer junto com eles um contrato de convivência, onde será listada numa cartolina, papel madeira etc o que pode e o que não pode ser feito em sala de aula, é importante que todos deem sua contribuição, esse contrato tem que ficar exposto na sala em local visível e todos a aula poderá ser lido ou pela evangelizadora ou pelas crianças ( se souberem ler), após a prece inicial, de forma que seja relembrado o compromisso assumido por todos.
3.      Após a aula, a criança ou jovem que tenha descumprido algum ponto do contrato de convivência deverá ficar um pouco mais e o evangelizador deve conversar com ele a respeito do comportamento apresentado, tudo isso feito com muito amor e paciência, tentado mostrar a ele que as aulas são valiosa oportunidade para que ele possa ter uma vida melhor, buscar novos caminhos, vamos tentando fazê-lo enxergar as próprias atitudes e os efeitos negativos dela.
4.      A sugestão de coloca-los como auxiliares nas aulas é muita boa, acho que não apenas para registrar o comportamento dos outros ( pois pode parecer que estão sendo vigiados e julgados), mas contribuindo com as atividades como entregar as tarefas, colar algum cartaz ,segurar as figuras das historias enquanto elas são contadas, fazer o registro de presença, etc.
5.      Outro ponto que precisa ser analisado é se a criança ou jovem não está precisando de um tratamento espiritual, podemos aplicar um passe antes do inicio das aulas, de forma individual. É importante que o DIJ trabalhe em parceria com o setor de atendimento fraterno para que juntos possam ajudar as crianças com problemas espirituais e familiares.
6.      Colocar uma música no ínicio da aula e pedir que fechem os olhos e tentem acompanhar a melodia, identificando os instrumentos.

Oremos irmãos pedindo aos espíritos de luz que nos intuam a respeito das dificuldades para realizarmos essa tarefa abençoada, sem nenhuma dúvida vamos encontrando formas de melhor lidar com as dificuldades.
O amor pelas crianças e jovens irá nos fortalecer e superar tudo.

Espero ter ajudado.
Abraços
Patricia Freitas
Cabo de Santo Agostinho/PE.
Resposta extraído  CVDEE - Centro Virtual de Divulgação e Estudo do Espiritismo
Sala Virtual de Estudos Evangelize  Jovem

"Deus segundo Spinoza" ou "Deus falando com você"

Einstein, quando lhe perguntaram se acreditava em Deus, respondeu:

" Acredito no Deus de Spinoza que se revela por si mesmo na harmonia de tudo o que existe, e não no Deus que se interessa em premiar ou castigar os homens".
Baruch Spinoza, filósofo judeu, viveu em Portugal no séc. XVII
Na Holanda, pelas suas ideias, foi banido pelos rabinos judeus.

 Este texto foi chamado 
"Deus segundo Spinoza" ou "Deus falando com você":

 "Pára de ficar rezando e batendo no peito. O que eu quero que faças é que saias pelo mundo e desfrutes da tua vida. Eu quero que gozes, cantes, te divirtas e que desfrutes de tudo o que Eu fiz.
 Pára de ir a estes templos lúgubres, obscuros e frios que tu mesmo construíste e que acreditas ser a minha casa. A Minha casa está nas montanhas, nos bosques, nos rios, nas praias. Aí é onde eu vivo e expresso o meu amor por ti. 

 Pára de me culpar pela tua vida miserável; eu nunca te disse que eras um pecador.
Pára de ficar lendo supostas escrituras sagradas que nada têm a ver comigo. Se não podes ler-me num amanhecer, numa paisagem, no olhar dos teus amigos, nos olhos do teu filhinho... não me encontrarás em nenhum livro...

 Pára de tanto ter medo de mim. Eu não te julgo, nem te critico, nem me irrito, nem me incomodo, nem te castigo. Eu sou puro amor.

 Pára de me pedir perdão. Não há nada a perdoar. Se Eu te fiz... Eu te enchi de paixões, de limitações, de prazeres, de sentimentos, de necessidades, de incoerências, de livre-arbítrio. Como posso castigar-te por seres como és, se fui Eu quem te fez?

Crês que eu poderia criar um lugar onde queimar todos os meus filhos, que não se comportassem bem, pelo resto da eternidade? Que tipo de Deus pode fazer isso?
Esquece qualquer tipo de mandamento que em ti só geram culpa, são artimanhas para te manipular, para te controlar .

 Respeita o teu próximo e não faças aos outros o que não queiras para ti.
 A única coisa que te peço é que prestes atenção à tua vida; que o teu estado de alerta seja o teu guia. Tu és absolutamente livre para fazer da tua vida um céu ou um inferno.

 Pára de crer em mim... crer é supor, imaginar. Eu não quero que acredites em mim. Quero que me sintas em ti quando beijas tua amada, quando agasalhas a tua filhinha, quando acaricias o teu cachorro, quando tomas banho de mar.

 Pára de louvar-me! Que tipo de Deus ególatra acreditas que Eu seja? Tu sentes-te grato? Demonstra-o cuidando de ti, da tua saúde, das tuas relações, do mundo. Expressa a tua alegria! Esse é o jeito de me louvar.

 Pára de complicar as coisas e de repetir como um papagaio o que te ensinaram sobre mim.


Que marilhoso texto. Obrigada querida Rose Pedersoli Fuhrmann.

segunda-feira, 18 de maio de 2015

“As crianças e os jovens nos ensinam muito”

Por Alessandra Cintra: 

Coordenadora da área de evangelização infantojuvenil, a educadora mineira radicada em Matão fala sobre a importância da evangelização de jovens e crianças

 
  

Alessandra Cintra (foto), espírita de berço, natural de Uberaba (MG), reside em Matão (SP) há vários anos. Formada em Direito e funcionária do Tribunal de Justiça de São Paulo, colabora na Comunidade Espírita Cairbar Schutel, de Matão, onde atua como coordenadora da área de evangelização infantojuvenil, assunto que constitui 

o tema central da presente entrevista. 


No tocante à transmissão dos ensinos do Evangelho e do Espiritismo para as crianças e para os jovens, o que você considera vital?
 

É muito importante que as crianças e os jovens sintam Jesus, não apenas conheçam de forma teórica os seus ensinamentos, mas que vivenciem e cheguem à conclusão de que somente através dele é que seremos realmente felizes. O Espiritismo é facilitador para que isso ocorra, pois esclarece de uma forma lógica, racional, a mensagem do Cristo. 

Por que os pais devem ir com os filhos ao centro espírita e não apenas levar os filhos? 

Devemos focar sempre a família. Pais e filhos reencarnam juntos para crescerem juntos. Sendo assim, quando todos estão envolvidos no mesmo objetivo o resultado é muito mais satisfatório. É também uma forma de se incentivarem mutuamente, entusiasmar-se, buscar harmonia familiar e força para enfrentar os desafios. 

Qual a importância da constância e pontualidade da presença das crianças e jovens nas aulas e atividades? 

A evangelização infantojuvenil, se não é, deve ser uma das atividades mais organizadas da casa espírita, com uma programação a ser seguida, em uma sequência lógica que ajudará a criança e o jovem a se desenvolverem. Por isso, a frequência é de suma importância para assimilação do conteúdo. Já a pontualidade é algo que devemos adquirir para a nossa vida em qualquer situação. Como nos disse Emmanuel através do Chico: “Disciplina, disciplina, disciplina”. 

Essa elaboração planejada, didática, das aulas e atividades, deve ter prioridade? Por quê? 

Para qualquer trabalho que idealizamos, não basta apenas a presença da boa vontade; precisamos estudar, nos capacitar para tal, e na evangelização não poderia ser diferente. O evangelizador deve evoluir com o mundo infantil, procurar didáticas que envolvam a criança e o jovem para que eles se sintam motivados a frequentar as aulas, usando ferramentas diversificadas como vídeos, recursos da internet, histórias, dinâmicas etc. Como evangelizadores, devemos ser críticos quanto ao nosso trabalho, perceber o que é adequado para cada sala, porque o mundo fora da casa espírita oferece diversidades e seduz a todos eles, motivo pelo qual é importante estarmos sempre atualizados, para realizarmos um bom trabalho. 

Como sensibilizar os pais para tarefa de tal envergadura? 

Aqui gostaria de contar a nossa experiência. Há um ano reservamos um dia da semana em nossa casa para o encontro da família, dia em que acontece a evangelização infantojuvenil e separadamente, no mesmo dia, o estudo com os pais. O resultado superou as nossas expectativas. Os pais realmente se envolveram, conheceram melhor o trabalho da evangelização e neste ano voltaram e já trouxeram outras famílias para participar. Acredito que esta seja uma das formas de sensibilizá-los acerca da fundamental importância da evangelização espírita. 

E quanto às casas espíritas – como sensibilizar seus dirigentes para valorizarem referida atividade? 

Para as casas espíritas que já realizam a tarefa da evangelização, o trabalho realizado com amor, a satisfação das crianças e a divulgação junto à sua casa, acredito que sensibilizarão a todos. Quanto àquelas que ainda não realizam essa tarefa, talvez o estudo, junto à diretoria, de obras específicas que tratem da importância da educação espírita infantojuvenil, como obras de Bezerra de Menezes, Meimei, Kardec, Eurípedes Barsanulfo, entre outros, possa ajudar. 

Qual o maior obstáculo para o êxito da atividade de evangelização infantojuvenil? 

O maior obstáculo acredito que seja a falta de esclarecimento sobre o que acontece na evangelização, pois muitos a confundem como uma atividade recreativa, para que os pais, livres das crianças, assistam à palestra. E não é nada disso! Daí a importância de os evangelizadores e a casa estarem sempre proferindo palestras sobre o tema de modo a esclarecer a todos. 

De sua experiência e observação, que gostaria de destacar? 

Como já estou há algum tempo neste trabalho de bênçãos, muitos fatos maravilhosos ocorreram, muitas dificuldades enfrentamos e muito aprendemos, mas uma coisa é certa: muito mais recebemos do que doamos, pois as crianças e os jovens nos ensinam muito. 

Suas palavras finais. 

Gostaria de deixar àqueles que se dedicarem a ler estas singelas palavras a minha gratidão e dizer que a evangelização infantojuvenil é contagiante, que as crianças e os jovens, se lhes dermos oportunidade de se expressarem, de nos exigirmos a sermos melhores a cada aula, a cada dia, serão excelentes professores em nossas vidas e nos ajudarão em nossa evolução e, consequentemente, nós na deles. Abracem esta tarefa bendita, tenham entusiasmo, acreditem que a evangelização espírita contribuirá para a transformação moral da humanidade e verão quanto gratificante é poder participar deste trabalho.


 

Que delícia de sorvete


Lendo uma historinha....
Gustavo, menino de família rica, era muito orgulhoso. Morava numa casa grande e linda, onde nada lhe faltava. Tudo o que ele pedia o pai lhe dava.
Como não poderia deixar de ser, em razão das suas condições de vida, Gustavo era também bastante egoísta. Nunca dava nada para ninguém.
Certo dia, Gustavo saiu de casa e, com a mão no bolso, sentia cheio de satisfação o dinheiro que o pai lhe dera para comprar o que quisesse.
O orgulhoso menino começou a andar pelas ruas olhando tudo que poderia comprar com o dinheiro que tinha no bolso. Olhava as vitrines de roupas, de calçados, de brinquedos, mas nada lhe interessava.
 
Caminhou bastante debaixo do sol forte de verão até se sentir cansado. Certo momento resolveu parar para descansar. Antes, porém, viu uma sorveteria e comprou um sorvete. Depois, sentou-se num banco defronte da sorveteria.
Mal havia se sentado à sombra, ansiando por começar a tomar seu gostoso sorvete, quando um garoto maltrapilho sentou-se também no mesmo banco.
Irritado com a presença do garoto de roupas velhas e sujas, que parecia faminto, Gustavo virou-se para o outro lado, fingindo não tê-lo visto. Porém o menino olhava o sorvete que Gustavo tinha na mão e disse com um sorriso:
— Que sorvete lindo! Deve estar uma delícia! Ah! Como eu gostaria de experimentá-lo!...
Ao ouvir as palavras do menino, Gustavo levantou ainda mais sua cabeça, com arrogância, e disse:
— Pois do meu sorvete você não tomará! Era só o que faltava! Eu ter que dar-lhe uma colherada do meu delicioso sorvete! Suma daqui, moleque!...
Mas o pobrezinho retrucou:
— Como pode alguém como você, que tem roupas boas, que usa tênis caros e que deve ter de tudo, ser tão egoísta? Se eu tivesse o que você tem, ajudaria quem nada tem!...
Ouvindo o menino de rua, Gustavo ficou vermelho de raiva e não sabia se respondia ou se tomava o sorvete, que começava a derreter sujando sua mão. E respondeu:
— Sou rico, sim! E daí? Posso comprar tudo que quiser! Inclusive este sorvete! Mas ele é meu e não vou dividi-lo com ninguém, muito menos com um garoto mal-educado como você, entendeu?
 
Vendo Gustavo irritado, ele sorriu ao notar que o sorvete já lhe escorria pelo braço, e sugeriu:
— Acho melhor você tomar logo esse sorvete, senão ficará sem ele. Olhe! Ele está derretendo todo!
— Culpa sua, seu atrevido. Se me tivesse deixado tomar o sorvete em paz, isso não teria acontecido!
Bem-humorado, o menino retrucou:
 
— É verdade! Mas se você tivesse me dado uma colherada logo que pedi, não teria perdido seu sorvete. Viu? Por ser egoísta, perdeu seu delicioso sorvete!
Gustavo olhou com tristeza o sorvete todo derretido em sua mão. Depois se virou para o menino que o observava, também desolado, e que lamentou:
— Me desculpe. Ao vê-lo tão bem vestido, limpo e cheiroso, todo orgulhoso e ainda com um delicioso sorvete nas mãos, não resisti à vontade de brincar com você. Estou arrependido. Agora nem você nem eu poderemos experimentar o sorvete, que já escorreu pela sua roupa toda!
A expressão do menino era ao mesmo tempo comovente e engraçada. Gustavo começou a rir. Daí a pouco os dois estavam rindo sem parar.
Em seguida, Gustavo disse:
— Você tem razão. Fui muito egoísta mesmo. Como se chama?
— Joãozinho. E você?
 
— Gustavo. Sabe o que vou fazer? Venha comigo! Vou comprar dois sorvetes: um para mim e outro para você!
— Verdade, Gustavo?
— Claro! Como você disse, tenho dinheiro!
— Ah! E vou poder escolher o sabor?
— Pode, sem dúvida.
— Ah! Então, quero um de chocolate e morango! Sempre achei que deveriam ser os melhores sabores, mas nunca pude comprar. Então hoje vou experimentá-los!
Após pedirem os sorvetes, eles se sentaram num banco e saborearam aquelas delícias, rindo e conversando como bons amigos. Ao terminar de tomar o sorvete, Joãozinho levou a mão à barriga, e respirando fundo, com expressão satisfeita, disse:
— Ah! Que delícia de sorvete! Obrigado, Gustavo, pela sua generosidade.
Ao chegar a casa, ele contou aos pais o que tinha acontecido e como ficara envergonhado diante do menino, com o sorvete derretido nas mãos. E com lindo sorriso, prometeu:
— Deus nos tem dado tanto, não é, papai? Por que não podemos dividir um pouco do muito que temos com quem tem menos do que nós? Senti tamanha satisfação ao ver a alegria de Joãozinho, que meu coração inchou dentro do peito! Nunca mais desejo ser orgulhoso e egoísta com ninguém!... Acho que Jesus está contente comigo!
O pai concordou, satisfeito:
— Sem dúvida, meu filho. O fato de termos dinheiro não significa que devemos nos considerar melhores do que as outras pessoas, porque somos todos irmãos, filhos de Deus, Nosso Pai! 
A partir desse dia, Gustavo nunca mais esqueceu que o orgulho e o egoísmo nada nos trazem de bom, afastam de nós as pessoas e impedem-nos de fazer amigos. E por toda a sua vida, ele nunca esqueceu essa lição que lhe fora dada por um menino de rua.
MEIMEI
(Mensagem recebida por Célia X. Camargo em 13/04/2015.)       
Extraído:  http://www.oconsolador.com.br/ano9/414/espiritismoparacriancas.html

domingo, 17 de maio de 2015

Prece - A prática da Oração - aula IV

Minhas aulinhas não terão faixa etária, a linguagem deverá ser adaptada às crianças que estiverem em sala,o importante deverá ser a mensagem transmitida sobre o tema proposto.
Sempre após as perguntas é importante ouvir as respostas, e depois complementar,  o importante das aulas não é quantidade de informações, mas sim, que as crianças compreendam a mensagem.Frequentemente se fará necessário repetir, determinados assuntos, Isso será da intuição do evangelizador, conforme sentir o conhecimento e inclinações dos aluninhos.

Relembrando a aulinha anterior colar no quadro frases em forma de pergunta:

1- O que é Prece?
2- Agrada a Deus a Prece?
3- Em nossa Prece devemos agradecer a Deus por tudo que ele nos dá?
4- O que Deus nos dá que devemos agradecer?
5- Em nossa Prece devemos pedir ajuda a Deus quando temos alguma dificuldade?
6- Quando fazemos Prece Deus sempre atende ao nosso pedido?
7- Pode-se fazer Prece pelos animais?
8- A Prece torna o homem melhor?
9- Devemos fazer Prece somente quando a mamãe ou o papai manda?
10- Como dever ser a Prece para que ela chegue até Deus?

Contar a historinha : Brincadeiras

Eduardo gostava muito de ir à escola. O que será que a professora - a senhora Cleide - iria ensinar? Mal entrou na sala de aula e ela foi falando:

- Crianças, hoje vamos brincar!

A alegria foi geral.

- Prestem bastante atenção! - e começou explicando a primeira brincadeira.

Ela mostrou o apagador e o deixou sobre a mesa, pedindo que observassem bem. Depois colocou uma venda nos olhos de Eduardo, que estava Do outro lado da sala, o fez girar algumas vezes e pediu que procurasse o objeto. Que dificuldade! As outras crianças gritavam:

Está quente! Está frio! - conforme Eduardo se aproximava ou se afastava do apagador.

Até que finalmente conseguiu!

Todos quiseram enfrentar o desafio de procurar o apagador com os olhos vendados. Em seguida a senhorita Cleide afastou as cadeiras e desenhou um oito bem grande no chão.

- Vocês deverão andar sobre est linha que desenhei no chão.

Eduardo pensou:

- Ah! Esta é fácil!

Mas a professora completou:

- Com um pé só!

 Foi uma confusão! Quase todos perderam o equilíbrio e caíram. Risadas e reclamações se misturavam no ar:

Então a senhorita Cleide deu uma bala a cada um e disse:

- para desembrulhá-la vocês só podem usar uma das mãos.

Que algazarra! Alguns, impacientes diziam:

- Não consigo! Professora!

No final da aula a senhorita Cleide perguntou o que haviam achado das brincadeiras. Todos gostarM, mas alguns observaram:

- Foi difícil andar sobre a linha pulando num pé só!

- É! E procurar o apagador de olhos fechados também! - diziam outros.

- Eu não consegui desembrulhar a bala usando só uma das mãos - queixou-se Eduardo.

Então a professora concluiu:

- Sentiram como nossos olhos são importantes e bons! E ter duas pernas para caminhar, duas mãos para desembrulhar balas...

As crianças ouviram atentas. A senhora Cleide perguntou:

- Quem nos deu olhos, pernas, mãos?

- DEUS!!! - responderam em coro.

- Nada mais justo do que agradecer a Ele por tudo, não é? Vamos dizer-Lhe isso numa Prece:

Muito obrigado Deus querido, por nossos olhos, por nossas mãos e pernas.

Eduardo chegou em casa faminto. lavou as mãos e sentou-se à mesa para comer. Ao pegar os talheres murmurou baixinho:

- Muito obrigado, Deus bondoso, pelas minhas mãos!

ATIVIDADE : Desenho Livre.

Autor desconhecido 
Extraído da apostila Evangelização infanto-juvenil - jardim C - ed Aliança.

Aula ministra na Casa da Prece Jesus nos Guie

Elaine Saes





As Orações de Pedrinho

Lendo uma historinha...

Em um lugarejo do interior, bem afastado da cidade, morava Pedrinho com os pais. Tinha uma vida simples e seu pai ganhava a vida como pedreiro, enquanto a mãe cuidava dos afazeres domésticos.

Pedrinho era um bom menino: obediente, bem-educado, amava os pais.Tudo fazia para lhes dar prazer.
Por isso mesmo o pai costuma levá-lo à vila mais próxima onde trabalhava. Para chegar até a vila, precisava passar por uma região que ainda não era povoada, não tinha casas, era só mato.

 Pedrinho adorava esses passeios, principalmente passar pelo mato. Sabem por que? Porque no mato viviam os macaquinhos, seus amigos preferidos. Divertia-se em vê-los pular de árvore em árvore e ria-se a valer de suas caretas engraçadas. E os animaizinhos tão acostumados estavam com sua presença que, mal ele se aproximava, começavam a saltar e a guinchar estridentemente como se o estivessem cumprimentando com grande alegria.

Era natural que Pedrinho gostasse muito de ir ao mato, sempre que de lá voltasse, trazia alegria e felicidade em seu rostinho simpático.

Certa vez, porem, pai e filho retornaram a casa com os semblantes preocupados. É que papai adoecera de repente e se vira forçado a voltar mais cedo.

Não é nada, meu filho! - Dizia ele, tentando sorrir, - Amanhã estarei bom.

Mas coitado do pai de Pedrinho! No dia seguinte acordou muito mal!

Mamãe Laura assustou-se, Pedrinho também. Que fazer? O medico morava na vila, e a vila era muito distante! Alguem, entretanto, teria de busca-lo. Dona Laura pensou, pensou. Depois chamou Pedrinho e disse:

- Meu filho, papai está mal e eu não posso sair daqui. Você terá que chamar o doutor. É tão longe!

- Mas conheço o caminho e não tenho medo, mãe! - respondeu sem vacilar.

Então dona Laura abraçou o filho e, apertando-o ao peito, fechou os olhos e falou baixinho:

- Meu Deus! Proteja meu filhinho! Ele ainda é tão pequeno!

Depois beijando o menino, acrescentou:

- Lembre-se, Pedrinho, mamãe ficará pedindo a Deus, nosso Pai, que proteja você.

Pedrinho saiu e pôs-se a andar depressa, preocupado com a doença do pai.


Nisto começou a ventar forte, forte, e as nuvens do céu tornaram-se escuras, ameaçadoras.

- temporal! - murmurou Pedrinho, apressado a passo para fugir da chuva.

Mas a chuva chegou violenta, inundando tudo, encharcando tudo.

\Num instante, Pedrinho ficou com as roupas coladas no corpo, tão molhadas estavam. E o pior não era isso! O pior eram as chispas de fogo que rasgavam o céu e os trovões assustadores que reboavam por toda parte.

Pedrinho corria, corria sempre. De repente, parou. Tina a ponte! A velha ponte de madeira que estremecia ao sopro violento da ventania. Parou um momento, apenas porque se lembrou do pai que necessitava de medico e da mãe que ficara a orar. Então, meio cego pela chuva e meio tonto pelo vento, murmurou aflito:

- Pai do Céu! Preciso buscar o medico! Não me deixe ficar com medo.

E o temporal continuava. Relâmpagos... Trovões. E o vento cada vez mais forte.

Pé aqui, pé ali, o menininho avançava com cuidado, procurando, num terrível esforço, manter o equilíbrio. E enquanto avançava, repedia:

-Pai do céu! Ajuda-me!

Pedrinho caminhava e a ponte estremecia.

E assim, foi avançando, avançando. Embaixo, o rio estava agitado, batido pela fúria do vendaval.

- Ajude-me, bom Deus! Não me deixe cair no rio! - orava com voz trêmula.

Nisto, ao clarão de um relâmpago, Pedrinho percebeu que faltava pouco para chegar ao fim, e avistou, na estrada, um automóvel que se aproximava. Com mais coragem deu os passos finais, mas nesse momento, numa sacudidela mais violenta, a ponte desabou.

Pedrinho caiu! Porem, jogado pelo vento e pelo impulso da queda, caiu sobre um mato que margeava o rio. Estonteado, sem mesmo saber o que fazia, agarrou-se fortemente aos galhos das plantas. Então, em meio a tempestade, ouviu alguém que gritava:

Quem está aí?

Pedrinho gritou por socorro e, em seguida, desmaiou.

Quando abriu os olhos, estava enrolado em cobertores e deitado no automóvel que avistara da ponte.

Falou do pai doente para o senhor que o salvara. E este, depois de ouvir tudo, falou depressa, pondo o carro em marcha:

- Vamos procurar o medico! Acharemos nova estrada.

E assim fez. Encontraram o medico e o levaram a casa de Pedrinho.

Naquela mesma noite, na casinha pobre de Pedrinho, mãe e filho oravam abraçados, enquanto o pai repousava melhor.

- Muito obrigada, meu Deus! - Dizia dona Laura.

- Muito obrigada, bom Deus! - Repetia Pedrinho, lembrando-se dos pedidos que fizera, no meio do temporal, ao atravessar a velha e perigosa ponte.


autor desconhecido.

fonte Evangelização infanto-juvenil  - ciclo primário - programa B - Ed Aliança.



sábado, 16 de maio de 2015

Pais e Filhos - Companheiros de Jornada

Ser perfeito não é se encaixar num molde de pessoa ideal.
 Calunga.













Boa parte de nossas vidas vivemos de imaginar papéis e de tentar vivê-los, de atribuir papéis aos que nos cercam, e esperar que os vivam. Isto é ainda mais evidente quando se fala de pais e filhos.

A maioria dos pais e mães tem uma imagem de paternidade e de maternidade construída ao longo dos milênios e do processo educativo e social, das influências da mídia e dos pais que teve, e projeta para si um ideal de conduta perante os filhos. Mesmo quando discordamos dos pais que tivemos e decidimos adotar outras maneiras de agir, ainda assim não podemos negar que o que fazemos tem relação com o que fizeram.

Muito do que projetamos para nós também tem a ver com o modo como queremos ser vistos no nosso círculo de relações (família, colegas, amigos): cuidadosos, previdentes, interessados no bem-estar e no futuro dos filhos. 

Mas se pararmos para pensar no papel de pai que decidimos viver, encontraremos nele certas características: é afetuoso ou distante, preocupado ou laissez-faire, flexível ou autoritário, exigente ou liberal... 

E este papel assumido, além de não ser garantia de que nos tornamos bons pais, nem sempre tem a ver com o modo como realmente sentimos, dentro de nós. 

Bem nos lembrava J.A. Gaiarsa, em Minha Querida Mamãe (Ed. Gente), de que as famílias funcionam muito mais a partir das expectativas e imposições entre seus membros que da percepção de si mesmo e do outro. Definimos deveres recíprocos e isto nos poupa de olhar olho no olho, de prestar atenção na criatura que vive conosco, de observar se ela é feliz e se nós mesmos estamos felizes com o modo de vida que adotamos. 

Pensamos, por exemplo, em proporcionar cultura, diplomas, bens, como sendo grande parte da função dos pais. E imaginamos que os bens e os diplomas que vamos deixar para ele vão substituir as inúmeras horas de convivência que passamos tensos ou indiferentes às suas necessidades. 

Contudo, pensando melhor, vemos que a posse de coisas e o saber acadêmico não substituem a realização interior que deve acompanhá-los, e que eles podem descobri-la conosco, observando nosso modo de lidar com nossos bens e conhecimentos. No entanto, como fazemos isto?... 

E no relacionamento familiar? Será que interiorizamos clichês do tipo: mãe de verdade faz assim, pai que é pai jamais permitiria tal coisa? E economizamos nossa sensibilidade, tantas vezes embotada por falta de uso, aplicando jargões num terreno que é dos mais importantes de nossas vidas: na educação de nossas crianças. E ainda usamos tais frases, freqüentemente, acompanhadas de: que diriam nossos amigos ou vizinhos, se agíssemos diferente?... 

Talvez seja hora de nos preocuparmos menos com o que pensam os outros e de tentar compreender o que pensam os nossos filhos. 

De entrar em contato com o que realmente sentimos ser bom para nós e para nossa família. De checar nossas crenças arraigadas e antigas, se todas continuam valendo.

De verificar que temos inseguranças e incertezas como qualquer ser humano e não precisamos ter vergonha de assumi-las abertamente. 

Pais nem sempre tem razão. Pais podem eventualmente não saber que atitude tomar. Pais sempre podem pensar melhor sobre o que foi dito. Pais podem aprender algo com seus filhos. Podem reconsiderar sem perder a autoridade e o respeito. 

Que neste 2002, se posso desejar isto, desejo que todos estes pais que vêm sofrendo para caberem num ideal de pai e de mãe onisciente e previdente, sempre seguro e dono da verdade, despertem para a verdade. 

O preço mínimo desta ilusão é a hipocrisia e o distanciamento, e certamente não desejamos pagá-lo. Afinal, nossos filhos até podem encontrar ombros e ouvidos em muitos lugares, felizmente. Mas se lhes perguntássemos, saberíamos que eles prefeririam ter os ombros e ouvidos, a atenção, a compreensão e o carinho de seus pais. 

Rita Foelker
*Em Pensamentos que Resolvem, Ed. GIL.
Extraído http://www.espirito.org.br/portal/artigos/rita-foelker/pais-e-filhos.html



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